
Neste contexto, nasciam diferentes manifestações artísticas de rua dos jovens ligados àquele movimento, de se fazer música, dança, poesia e pintura. Os DJs observaram e participaram destas expressões de rua e começaram a organizar festas nas quais estas manifestações tinham espaço. Os jovens foram encontrando naquelas novas formas de arte uma maneira de amenizar a violência, passaram a freqüentar as festas e dançar break, competir com passos de danças e não mais com armas. E em 1973 foi criada a primeira organização que tinha seus interesses o hip-hop.
O hip-hop chegou ao Brasil, em São Paulo, onde surgiu com força. Atualmente existem diversos grupos que representam a cultura hip-hop no país. No Brasil, o movimento hip-hop foi adotado pelos jovens negros e pobres das cidades grandes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, como forma de protesto contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão.
A principal característica das artes negras é seu caráter multidimensional, denso. A performance mistura gêneros que para a cultura ocidental seriam diferentes e separados (músicas, poesia, dança, pintura). A interpretação, a fusão de todos esses elementos que faz dela uma forma artística que não seria equivalente à soma dos elementos separados. Para compreender a multidimensionalidade da performace, é necessário fazê-lo em seu contexto social. Fora deste contexto social, somente se compreenderiam alguns dos elementos, mas não só como um conjunto de dança, música, poesia e artes plásticas, senão como uma performace inserida num contexto social, cheio de problemas sociais, educacionais e de exclusão social. Este contexto social é o que dá sentido à performance.
O estilo pessoal é de grande importância na performance, porque as características próprias de cada performer acrescentam as possibilidades de inovação e de criação de novos estilos. Espera-se que o performer não só seja competente, mas que também possua um estilo próprio, em todos os aspectos do hip-hop. O estilo pessoal não se valoriza em situações de representação, também é importante em todos os aspectos da vida cotidiana (estética, cumprimento, fala etc). As roupas utilizadas no hip-hop, são largas, para deixar os movimentos maiores, dando mais efeito visual à dança. Com todos esses fatores que contribuem pra o movimento cultural que é o hip-hop. Ele termina funcionando como instrumento de integração social e também de ressocialização de jovens das periferias no sentido de mudar essa realidade, já que muitos jovens encontram no hip-hop uma maneira de não se deixar levar pelos fatos entrando em algum tipo de marginalidade, e também encontra uma forma de protestar por uma realidade que não satisfaz a ninguém.
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Foto: Raul Escorel.